Pelos vistos nem todas as atrocidades são ruins; depende de quem as vê!
Pelos vistos nem todas as atrocidades são ruins; depende de quem as vê!
Nunca é bom escrever alguma coisa sobre a qual não se possa ter, pelo menos, algum grau de certeza que possa contribuir construtivamente para fazer evoluir e tirar os nós de algo muito embrulhado e provavelmente esta possa ser a caracterização correcta, quando algo não é pretendido que se mostre de uma forma clara, embrulha-se. Mas, todo e qualquer embrulho, seja de presente, seja de mercearia, mais cedo ou mais tarde é com certeza desembrulhado.
É claro que tive sérias dúvidas se seria oportuno, talvez nunca seja, mas que fazer perante tanto questionamento inoportuno, quando o que se pretende é apenas suscitar dúvidas oportunas ou inoportunas, perante qualquer tipo de atrocidade, que nem todos vêm do mesmo ângulo e de facto a perspectiva pode matar o significado do acto.
Graças ao acelarado desenvolvimento, os dias têm se revestido de novos aromas. Poderá ser a nova primavera a espalhar sabores, que esperamos sejam doces, de deslumbrar o sentido mais apurado.
A classificação tem mudado ao longo dos tempos, porque nem sempre o acto atroz correspondeu ao mesmo peso emocional que é vivido hoje e diga-se de passagem, não fora o peso da proliferação de informação e a selecção das coisas a transmitir ao mundo seria mais directa. O mundo tornou-se uma coisa pequena, de tão grande que é e de tanta gente que abriga, que se utiliza como uma aldeia, para boatizar arremessos, espalhar notícias, vingar ideias, muitas das vezes construidas sobre estacas torpes.
Dá vontade de perguntar se tem diferença ser habitante feminina na Nigéria, ou ser multidão no Médio Oriente, ou mesmo se a importancia de uma actriz de cinema nos Estados Unidos, se sobrepõe à de uma criança de escola infantil de uma familia pobre no Afeganistão, ou se um parisiense tem mais predicados efémeros que o sujeito que habita Bangui.
É, com certeza, de difícil compreensão os parametros pelos quais são construidas as importâncias das classificações, porque independentemente de vivermos em pleno século XXI, apenas se mudou o registo da actuação.
A eliminação, pura e simples, seja física, pelo que representa o desaparecimento do ser, seja processual, pelo que é bloquear acessos ou cortar caminhos que estão sendo percorridos, apenas se diferenciam pelos ditames ditados na circunstância.
Ocasionalmente somos confrontados com notícias de condenados a prisões, umas de longos anos, outras perpétuas, que matam para o resto da vida. Uns são condenados pelos crimes que não cometeram, outros são condenados por crimes que de facto cometeram e os restantes são libertos pelos crimes que deveriam ter cometido, mas que por engano tinham sido presos.
Ainda, ocasionalmente são-nos apresentados factos que na realidade existem ou existiram e que mereceram a lucidez de alguém para os interpretar, como noutro sentido e também ocasionalmente é-nos ofertada a possibilidade de presenciar cenas de consumo ocasional, que permitem disfrutar correntes apetites temporais.
Alguém dizia que a única coisa que nos é dada é o tempo, nascemos com um tempo que nos é entregue e dele cada um faz o que quer, o que muito bem entende. Ninguém é culpado por não aproveitar bem o seu tempo, nem tão pouco é premiado por ter dado o melhor proveito ao tempo que lhe foi concedido.
Ser árbitro em causa própria é uma tarefa árdua, difícil. Quem não quereria recusar tal juizo? As armas de arremesso são difíceis de receber de volta.
Habituamo-nos a considerar que uma mentira passa a verdade a partir do momento que a insistência da sua mentira é aceite socialmente. O mesmo se passa em relação às leis, que são reguladas a partir do momento que existe uma quantidade suficiente de cidadãos que aceita o acto como sendo normal. Assim é em relação aos pecados, em relação ao céu e ao inferno e o que cada um faz desses planos.