Alternar os factos
Cada um tem a sua realidade e é nesse facto que tudo e todos assentamos a Vida.
Podemos lhe chamar de factos alternativos, porque hoje se dá denominação própria a quase tudo e até convém que assim se chame, para despertar um pouco mais a atenção.
Como se sofre de falta de atenção.
Então, para factos alternativos, aqueles que servem o mediatismo, descobre-se que a verdade que interessa, assenta onde existe um deslumbramento cativante de personalidade envolta de poder, que basta ser momentâneo, mas que para os dias de hoje até serve, porque o interesse mesmo é o instante da razão e da fama.
Já lá vão os tempos, muito passados, em que os cinco minutos de fama eram perseguidos de uma forma visceral. Já está completamente desatualizado.
Tempos houve, em que se combatia a ditadura com uma ideia diferente, com o poder da democracia. O que uns querem para seu, outros não entendem que seja a melhor realidade.
Tempos houve, que se dizia que a interpretação da lei era literalmente aquela. Hoje se interpreta a lei de acordo com a necessidade dos factos e esses factos são os que passam pela melhor interpretação.
De facto, depende de quem está mais de acordo, que quantidade de pessoas mais puxa por essa razão, quase social.
Ou seja, é uma perspectiva se o facto é de facto o que identificamos, ou se nos dizem que é bem melhor considerar outro, na perspectiva da realidade corrente.
Parece complicado, mas não é.
Complicado é não entender o que se está a passar.
Os ciclos do mundo, da Vida, levam sempre a definir no tempo as necessidades correntes. Sempre assim foi e não há razão, pelo menos identificavel por agora, que assim não continue a ser.
É apenas um ciclo.
Criar factos ou realidades, que sejam verdades à custa da legalização da mesma, torna-se de facto um facto real.
Provavelmente a falta de ideias, leva à criação de realidades para que se possa pensar que são de facto.
Ou, provavelmente o mundo necessita, sente a necessidade de ser manipulado, porque assim é que é bom, diz quem sabe.
A Santa Inquisição criou uma realidade alternativa, que permitiu matar milhões de pessoas. Foi um facto passado há cerca de 400 anos e que serve de registo histórico, para que hoje se estude os factos, se lamente os mortos, se peça que não volte a acontecer.
A segunda grande guerra mundial, ocorrida recentemente, faz aproximadamente 80 anos, teve como acento principal o facto de alguem ter decidido que a realidade vivida nesse tempo teria que ser ajustada ao seu pensamento. Foi um tempo de horrores, que teve o seu próprio ciclo e que ainda hoje tem memórias profundas, muitas das quais inapagáveis.
Criar factos, maioritariamente aceites, ou criar realidades, mais ou menos confortáveis, é coisa do início da Humanidade. Este tempo serve apenas para massificar a alternância dos factos. Umas vezes revestidos de cor, outras vezes de acordo com a cor do tempo.
Não deve ser motivo de preocupação.
A preocupação deve ser mesmo connosco próprios.
Continuaremos a ter factos alternativos e alternância de factos e dos factos.
Se olharmos com um pouco mais de atenção do que a habitual, identificamos com certeza razões diferentes para interpretar o que os olhos vêm e a cabeça pensa que pensa.
Ao redor e dentro do circulo que move cada um, encontramos as mais disparatadas sem sentido, alteração à realidade que cada um decide interpretar.
Se assim sempre fosse viveriamos o caos, ou pelo menos um certo tipo de caos, mas não é. A realidade dos factos é aquela aceite por todos, ou pelos por uma maioria. Na falta dessa maioria, a versão oficial tem mais poder.
Não há necessidade de preocupação, porque sempre assim foi e continuará a ser.
O facto de lhe chamarem factos alternativos é apenas para este tempo. O positivo da coisa é que as modas, nesta vida contemporânea, tendem a passar rápido, dependendo se se gosta mais ou menos ou se os frutos associados são apeteciveis ou não.